O Brasil pode não ser o primeiro país que vem à mente quando falamos em carros esportivos, mas sua história tem alguns modelos incríveis que marcaram época. Sendo assim, durante os anos 1960 e 1970, a criatividade e a adaptação foram essenciais para driblar as restrições de importação e criar esportivos que hoje são verdadeiras relíquias. Vamos conhecer cinco modelos que ajudaram a construir essa história.
Willys Interlagos: O Primeiro Esportivo Nacional
A Willys-Overland já era famosa pelo Jeep militar, mas no Brasil, a marca também fez história com o primeiro esportivo nacional: o Willys Interlagos. Fabricado entre 1962 e 1966, a marca produziu 822 unidades desse modelo. O Interlagos era uma versão do francês Alpine A108, com carroceria de fibra de vidro e motor Renault de quatro cilindros, que entregava até 53 cv.
Leve e ágil, o Interlagos conquistou sucesso nas pistas. Pilotos renomados como Emerson Fittipaldi dirigiram esse modelo.
Puma GT: O Esportivo Mais Bonito do Brasil
Criada em 1963, a Puma rapidamente se tornou sinônimo de esportividade no Brasil. O Puma GT, lançado em 1966, conquistou os motoristas logo de cara. O ítalo-brasileiro Rino Malzoni assinou o desenho do modelo, que usava componentes da DKW no início. No entanto, a partir de 1967, a marca adotou a base do Volkswagen Karmann Ghia.
Desse modo, seu design chamava atenção e rendeu ao Puma GT o título de “Carro Mais Bonito do Brasil” pela revista Quatro Rodas. Com carroceria de fibra de vidro e motores VW 1.5 e 1.6 refrigerados a ar, o modelo oferecia leveza e agilidade. Tanto nas ruas quanto nas pistas, o Puma GT mostrou sua força.
Brasinca Uirapuru: O GT Brasileiro
A Brasinca, empresa especializada em caminhões, decidiu inovar nos anos 1960 e criou um esportivo nacional. Assim nasceu o Uirapuru, inicialmente chamado 4200 GT. Ou seja, diferente dos outros esportivos da época, esse modelo trazia carroceria de aço e um motor Chevrolet de seis cilindros, que entregava até 170 cv.
Lançado em 1964, o Uirapuru acelerava até 200 km/h e representava um verdadeiro gran turismo. A marca produziu apenas 77 unidades. Curiosamente, há quem diga que esse modelo inspirou o britânico Jensen Interceptor, lançado anos depois.
FNM Onça: O Mustang Brasileiro
Nos anos 1960, o Ford Mustang fazia sucesso nos Estados Unidos, mas sua importação era proibida no Brasil. Para atender à demanda por um carro esportivo similar, a FNM criou o Onça, um modelo com carroceria de fibra de vidro inspirada no Mustang.
Por baixo da carroceria, o Onça usava componentes do FNM 2000, incluindo um motor Alfa Romeo 2.0 de 129 cv. Infelizmente, a marca nunca colocou esse modelo em produção, mas quatro protótipos ainda existem e são preservados até hoje.
Volkswagen SP2: Beleza Brasileira
Nos anos 1970, a Volkswagen percebeu que o Brasil tinha um mercado aquecido para esportivos e decidiu criar o SP2. O modelo surgiu em 1972, com design moderno e linhas aerodinâmicas que até hoje chamam atenção.
A montadora construiu o SP2 sobre a plataforma do VW Variant nacional. O motor 1.7 de 65 cv ficava montado na traseira. Embora não fosse um carro de alto desempenho, seu visual e dirigibilidade conquistaram o público. Entre 1972 e 1976, a Volkswagen produziu mais de 10 mil unidades do SP2, tornando-o um dos modelos brasileiros mais valorizados entre colecionadores.
Um Legado
Em resumo, os esportivos brasileiros dos anos 1960 e 1970 surgiram da criatividade e da paixão pela velocidade. Cada um com sua personalidade e proposta, esses modelos deixaram um legado importante para a indústria automobilística nacional. Hoje, são peças raras e cobiçadas por colecionadores, o que mantém viva a memória de uma época em que o Brasil ousou sonhar com seus próprios esportivos.
