Fiat Coupé completa 30 anos com jovialidade e espírito disruptivo

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Alguns carros parecem desafiar o tempo. Mesmo depois de décadas, continuam chamando atenção por seu design, sua história e sua ousadia. Entre eles está o Fiat Coupé, um modelo que marcou os anos 1990 e ainda hoje se destaca como um dos carros mais icônicos da marca italiana.

Foto: Fiat

Um design que quebrou padrões

Lançado em 1993 na Europa e chegando ao Brasil em 1995, o Coupé virou objeto de desejo entre os apaixonados por automóveis. E não é difícil entender o motivo. Seu visual era completamente diferente de tudo o que se via na época.

Com linhas ousadas, capô avançando sobre os para-lamas, maçanetas embutidas nas colunas centrais e lanternas traseiras circulares duplas, o modelo parecia um conceito futurista que tinha ido direto das pranchetas para as ruas. Os faróis com lentes em formato de bolha, por exemplo, surgiram como alternativa criativa aos faróis escamoteáveis que dominavam os esportivos dos anos 80 e 90.

Além disso, o vinco lateral que começava no capô e seguia até as rodas traseiras criava um efeito visual dinâmico, como se o carro estivesse em movimento mesmo parado — uma marca registrada do estilo ousado do designer Chris Bangle, responsável pelo projeto externo.

Um toque de Pininfarina por dentro

Além do visual externo, o interior também refletia o espírito esportivo. A cabine assinada pela Pininfarina exibia uma faixa pintada na cor da carroceria que atravessava o painel de ponta a ponta, reforçando a exclusividade do modelo.

Curiosamente, nem todo o projeto veio da Pininfarina. O design externo, como mencionado, nasceu dentro do Centro Stile Fiat, sob o comando de Chris Bangle — que na época trabalhava com Peter Fassbender, hoje vice-presidente de Design da Stellantis para a América do Sul.

Segundo Fassbender, a equipe escolheu o Coupé entre várias propostas por ser o mais ousado. Bangle queria criar faróis escamoteáveis, mas o custo seria alto. A solução foi o formato de “bolha”, que manteve a fluidez das linhas e virou uma das assinaturas do carro.

Detalhes inspirados em motocicletas

Outro ponto interessante é que a atenção aos detalhes era enorme. Até a tampa de combustível teve uma história curiosa. Inspirado por motos esportivas, Bangle visitou uma oficina com Fassbender para observar de perto o design das tampas usadas nas motocicletas. O resultado foi a charmosa tampa de alumínio do Coupé, um toque de personalidade que reforçava o cuidado do projeto.

Engenharia de respeito

Por fim, o Coupé não impressionava apenas pelo design. Ele usava a base do Fiat Tipo, mas com acerto de suspensão voltado à esportividade. No Brasil, a Fiat vendeu o modelo com motor 2.0 16V aspirado, o mesmo do Tipo Sedicivalvole, entregando 137 cv e 18,4 kgfm de torque. O conjunto trazia freios a disco nas quatro rodas, o que garantia desempenho e controle acima da média para a época.

Entre 1995 e 1997, a marca importou oficialmente apenas 1.124 unidades, o que ajuda a explicar por que o modelo é tão cobiçado até hoje entre colecionadores.

Um ícone que continua jovem

Mais de três décadas depois, o Coupé continua atual. Seu design ainda impressiona, e sua proposta segue moderna. Como disse Peter Fassbender, “o Fiat Coupé tinha um design tão à frente de seu tempo, que até hoje é lembrado. Ele nasceu para ser um carro impossível de esquecer”.

A Fiat, aliás, sempre manteve esse espírito inovador. Modelos como o 147, o Uno e o Tempra trouxeram novas tecnologias e conceitos em suas épocas. Mais recentemente, a marca repetiu o feito com Toro, Fastback e Pulse. O Coupé é parte essencial dessa história.

Foto: Fiat

Em resumo, o Fiat Coupé é mais do que um esportivo bonito. É uma aula de design, criatividade e ousadia. Um carro que marcou os anos 1990, mas que poderia ser lançado hoje sem perder o charme ou a relevância. Agora, ao completar 30 anos, ele entra para o seleto clube dos carros de “placa preta”, símbolo de preservação e respeito à história automotiva.

Um clássico que nunca envelheceu — porque nasceu à frente de seu tempo.