O Renault Boreal, novo SUV francês produzido em São José dos Pinhais (PR), vem ganhando destaque no mercado e recebeu mais uma avaliação em um percurso de 80 km entre Guarujá e São Paulo. O trajeto misturou trechos sinuosos ao nível do mar, subida de serra e autoestrada no planalto, o que permitiu analisar bem o comportamento do veículo.
A estreia foi convincente. O modelo entregou potência, conforto e prazer ao dirigir acima da média para o segmento dos SUVs médios, ainda que o uso urbano continue exigindo uma análise mais aprofundada.
Motor turbo flex eficiente
Todas as versões utilizam o mesmo conjunto mecânico: motor 1.3 turbo flex de 163 cv e 270 Nm de torque, sempre com câmbio automatizado de 6 marchas e dupla embreagem. A calibração entre motor, transmissão e turbocompressor mostra harmonia. Não é um SUV com proposta esportiva, porém oferece eficiência e respostas diretas.
A 120 km/h, o modelo alcança facilmente 15 km/l de gasolina. Em trechos de serra, a média cai para 10 km/l. O comportamento é linear e o conjunto entrega um rodar suave, com boas retomadas e ritmo constante.
Equipamentos que surpreendem
Os bancos são um ponto forte. Eles oferecem excelente apoio para o corpo, ultrapassando o que a marca já havia produzido no país. Na versão Iconic, há até função de massagem, algo que antes era restrito a marcas premium.
Além disso, ergonomia também chama atenção. O volante permite ajustes amplos, a posição de dirigir agrada tanto quem prefere condução mais alta quanto quem opta por postura tradicional, e as trocas manuais podem ser feitas pelas borboletas. Outro detalhe importante é a eliminação do antigo comando por satélite atrás do volante.
O painel digital e a central multimídia têm boa qualidade de imagem, resposta rápida e conectividade simples. O espelhamento de celular funciona com agilidade, e a interface é intuitiva. Os botões de volume ficam na parte superior da tela, uma solução incomum, mas funcional.
Os modos Eco, Conforto e Sport alteram o comportamento do SUV e mudam o visual das telas. O único elemento menos intuitivo é o contagiros, que sugere rotações maiores do que as reais.
Comportamento urbano e ajustes necessários
No tráfego urbano pesado, o Start-Stop mostra reação um pouco lenta, transmitindo sensação de peso. Ainda assim, o tempo de uso na cidade foi curto e exige avaliação mais detalhada para um veredicto definitivo.
Falta eletrificação?
Desse modo, a ausência de alguma forma de eletrificação pode gerar questionamentos, mas o segmento ainda não avançou nesse sentido. Além do Corolla Cross híbrido, não há concorrentes com proposta eletrificada direta. Nesse cenário, o SUV francês se mantém competitivo e bem posicionado.
A chegada da plataforma RGMP ao Brasil, base tanto desse modelo quanto do Kardian, representa um avanço importante. A marca se aproxima mais do padrão de qualidade visto na França e reduz a distância entre o que oferece globalmente e o que fabrica no país.
Portanto, o novo SUV entrega conforto, boa eficiência e nível de equipamentos acima do que a Renault oferecia recentemente no Brasil. O desempenho na estrada impressiona, a cabine tem qualidade superior e o pacote tecnológico evoluiu. Ainda restam pontos a observar no uso urbano, porém o modelo já se firma como um dos lançamentos mais competentes do segmento.
