Novo WR-V 2026: Quais as chances do SUV da Honda decolar no Brasil?

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O SUV de entrada da Honda chega ao mercado brasileiro com uma proposta bem clara. Entregar espaço de sobra, mecânica confiável e um pacote de equipamentos equilibrado, tudo isso sem prometer esportividade ou emoções ao volante. E, curiosamente, é exatamente aí que mora o seu principal trunfo.

Honda WR-V / Foto: Honda

Tive a oportunidade de acelerar a versão topo de linha EXL, que parte de R$ 149.900 e pode chegar a R$ 152.100 com a pintura metálica. Logo nos primeiros quilômetros, ficou evidente que a marca apostou em racionalidade. Portanto, quem busca lógica, conforto e previsibilidade encontra aqui um produto bem resolvido.

Porte e espaço como grandes diferenciais

Antes mesmo de entrar no carro, o tamanho chama atenção. O porte é maior do que muitos rivais diretos e isso se reflete claramente no uso diário. São 4,32 metros de comprimento e 2,65 metros de entre-eixos, números que o colocam muito próximo de SUVs de categoria superior.

Por consequência, quem vai no banco traseiro viaja sem aperto. Pernas, cabeça e ombros agradecem, inclusive em trajetos longos. Pessoas mais altas, por volta de 1,80 metro, não enfrentam desconforto.

O porta-malas reforça essa vocação familiar. Com 458 litros, supera inclusive o HR-V, algo raro dentro da própria marca. Em contrapartida, a ausência do sistema Magic Seat reduz a versatilidade, mas não compromete o conjunto.

Desempenho honesto e foco no conforto

Sob o capô, nada de surpresas. O conhecido motor 1.5 aspirado flex, com até 126 cv, trabalha em conjunto com o câmbio CVT que simula sete marchas. Esse conjunto prioriza suavidade, não esportividade.

As acelerações são lineares e previsíveis. Entretanto, quando o acelerador é exigido com mais vontade, o motor sobe giro rapidamente e o ruído invade a cabine. Isso não chega a incomodar, mas deixa claro que o foco não é empolgar.

Por outro lado, a tranquilidade ao dirigir é um ponto forte. A mecânica já é amplamente conhecida no mercado brasileiro e transmite confiança. Assim, quem preza por baixo risco de manutenção tende a ficar satisfeito no longo prazo.

Comportamento de SUV de verdade

Diferentemente de muitos concorrentes que se comportam como hatches elevados, este modelo entrega postura de SUV. A suspensão é firme na medida certa e absorve bem irregularidades do asfalto.

A altura livre do solo de 223 mm, somada aos bons ângulos de entrada e saída, permite enfrentar lombadas, valetas e ruas esburacadas com mais segurança. Portanto, o uso urbano diário se torna menos estressante.

Interior funcional e bem montado

O acabamento interno não tenta impressionar com materiais sofisticados. Há bastante plástico rígido, principalmente no painel e nas portas traseiras. Ainda assim, a montagem é muito bem-feita, com encaixes sólidos e sensação de durabilidade.
Esse cuidado tende a reduzir ruídos internos com o passar do tempo, algo valorizado por quem pretende ficar anos com o carro.

O volante tem ótima empunhadura e regulagens completas, enquanto os bancos priorizam conforto e posição elevada de dirigir. Isso contribui para uma condução relaxada, típica de um utilitário esportivo.

Honda WR-V / Foto: Honda

O painel mistura velocímetro analógico com tela TFT de 7 polegadas, clara e intuitiva. A central multimídia de 10 polegadas, com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, facilita a vida no dia a dia. Além disso, os botões físicos para funções essenciais são um acerto em tempos de interiores totalmente digitais.

Tecnologia e segurança em bom nível

O pacote Honda Sensing vem de série e inclui frenagem autônoma de emergência, assistente de permanência em faixa, controle de cruzeiro adaptativo e alerta de colisão. Isso coloca o modelo em bom patamar frente aos concorrentes.

Ainda assim, a ausência de alerta de ponto cego faz falta, especialmente considerando as dimensões mais generosas da carroceria. Não chega a ser um problema grave, mas seria um complemento bem-vindo.

Vale a pena apostar?

Sim, vale a compra. O novo SUV da Honda não tenta reinventar a roda e nem precisa. Ele entrega exatamente o que promete: espaço, conforto, confiabilidade e equipamentos alinhados ao segmento.

Talvez não conquiste quem busca emoção ao volante ou visual marcante. No entanto, para famílias e motoristas que priorizam uso racional, baixo estresse e bom valor de revenda, as chances de sucesso no Brasil são grandes.

No fim das contas, é aquele tipo de carro que convence mais com o uso diário do que com números ou discursos. E, muitas vezes, é isso que realmente faz um modelo decolar no mercado.