Poucos carros causam tanto impacto quando aparecem em um evento automotivo quanto o DeLorean DMC-12. Não é pela velocidade. Também não é só pela raridade. O que realmente atrai todos os olhares é o conjunto de design ousado, portas asa-de-gaivota e carroceria em aço escovado. Além disso, o modelo lançado em 1981 virou símbolo de uma ideia quase futurista, mistura de audácia, polêmica, limitações técnicas e muita presença na cultura pop.
A origem de uma visão ousada
A história começa com John Z. DeLorean, executivo de destaque na General Motors e figura por trás de modelos como Pontiac GTO e Firebird. Nos anos 1970, ele deixou a vida corporativa para criar um esportivo leve, seguro e moderno, usando materiais avançados e engenharia de ponta. Assim nasceu a DeLorean Motor Company, instalada na Irlanda do Norte graças a incentivos do governo britânico.
O designer Giorgetto Giugiaro criou a carroceria de aço inox instalada sobre um chassi desenvolvido pela Lotus. Por consequência, o visual futurista com portas asa-de-gaivota parecia realmente vindo de um filme de ficção científica.
Ambição alta, motor limitado
Os primeiros planos incluíam motores rotativos e V6 potentes. Porém, a realidade exigiu cortes. O escolhido foi o PRV 2.85 V6, fruto da parceria Peugeot, Renault e Volvo. Não era uma usina forte para o que o visual prometia. Com cerca de 130 cv nos EUA, o desempenho deixou a imprensa da época pouco empolgada.
Além disso, o peso maior que o previsto e o preço elevado reduziram a competitividade diante de rivais mais rápidos. Desse modo, as vendas ficaram abaixo do esperado.
Crise, escândalo e queda
Enquanto a produção atrasava e os custos subiam, as contas da empresa pioravam. Em 1982, John DeLorean foi preso em uma operação do FBI envolvendo um suposto acordo de tráfico. Apesar disso, ele foi absolvido mais tarde, mas o estrago já estava feito. Por consequência, a companhia entrou em falência com menos de 9 mil unidades produzidas.
O renascimento graças ao cinema
A virada veio em 1985, quando De Volta para o Futuro transformou o carro em ícone mundial. Assim, o DMC-12 deixou de ser um clássico limitado a colecionadores e se tornou símbolo do futurismo dos anos 80.
O exemplar de 1981 colocado à venda
O carro citado aqui é um DeLorean 1981 mantido pelo mesmo proprietário desde 1998. Além disso, o histórico é completo, com cerca de 10 mil milhas rodadas durante esse período e registros limpos desde 1993, algo raro atualmente.
A carroceria em aço inox continua brilhando, acompanhada do interior cinza original e das portas icônicas. As rodas, restauradas há cerca de dez anos, seguem na configuração original de 14 polegadas na frente e 15 atrás.
O que foi restaurado e atualizado
O processo incluiu eliminação de pontos de ferrugem, troca de mangueiras, linhas de combustível, radiador, bomba de combustível, painéis dianteiros e repintura dos para-choques. Além disso, o carro recebeu atualizações de confiabilidade, como alternador novo, bomba de combustível revisada e componentes Eibach na suspensão.
Sob o capô traseiro está o PRV V6 ligado ao câmbio automático de três marchas. Por outro lado, o escape esportivo deixa o som mais encorpado.
Pontos de atenção
Como acontece com clássicos, existem detalhes a resolver. O motor do vidro elétrico do passageiro precisa ser trocado. O vedação das portas e do para-brisa está ressecada. Os pneus, por sua vez, são de 2012, e o volante mostra desgaste. Além disso, o hodômetro — apesar de consertado — registra quilometragem TMU, algo comum nesses modelos.
A última manutenção trouxe troca de óleo e filtro, fluido de arrefecimento e novo cilindro mestre do freio. O carro acompanha manual, três chaves e registros de serviço.
O DeLorean reúne aquilo que torna o modelo tão fascinante: design atemporal, história turbulenta e um legado cultural impossível de ignorar. Ainda assim, o exemplar de 1981 citado aqui aparece bem cuidado e atualizado, o que reforça seu valor para colecionadores. Por fim, com seis dias restantes no anúncio do Cars and Bids, o lance mais alto havia chegado a US$ 25.888.
