Nos últimos anos, o Honda Civic Type R tem sido tratado como uma espécie de lenda moderna entre os carros esportivos. Jornalistas e entusiastas do mundo todo vêm chamando o modelo de “o melhor hot hatch já feito”. Mas será que ele é realmente tudo isso? Depois de duas semanas ao volante do modelo, a resposta é mais complexa — e interessante — do que parece.
Visual mais maduro, mas ainda agressivo
A Honda evoluiu bastante no design. O novo Civic Type R deixou para trás o estilo exagerado da geração anterior e adotou um visual mais limpo e sofisticado, sem perder a pegada esportiva. A dianteira tem linhas afiadas e o enorme aerofólio traseiro continua lá, mas agora faz parte de um conjunto mais harmonioso.
Por baixo da carroceria, o Type R 2025 mantém a base da geração anterior: o mesmo motor 2.0 turbo de quatro cilindros e o câmbio manual de seis marchas. A potência é de 315 cv e 42,8 kgfm de torque, suficientes para levar o carro de 0 a 100 km/h em 5,4 segundos e atingir 275 km/h de máxima.
O único ponto que divide opiniões é o preço. Na Austrália, ele parte de AU$ 72.600 (cerca de US$ 47 mil) — um valor alto para um carro com o emblema Honda, mesmo que o desempenho justifique boa parte do investimento.
Interior digno de esportivo premium
Por dentro, o Civic Type R entrega uma das melhores cabines já vistas em um hatch esportivo. O acabamento combina simplicidade com sofisticação: há materiais de toque macio, um painel minimalista com saídas de ar em formato de colmeia e comandos físicos para o ar-condicionado.
O destaque vai para os bancos em Alcantara vermelha, confortáveis e com ótimo apoio lateral, e para o volante revestido no mesmo material, de diâmetro perfeito. O espaço interno é bom, mas o carro comporta apenas quatro ocupantes — o banco traseiro tem dois assentos individuais e porta-copos no meio.
O sistema multimídia tem tela de 9 polegadas, conectividade com Apple CarPlay e Android Auto (via USB-A) e o sistema LogR, que exibe dados como pressão do turbo, temperatura do óleo e medidor de força G. O painel digital de 10,2 polegadas completa a experiência tecnológica, com direito a luzes de contagem de giros no topo, ao estilo carro de corrida.
Desempenho e comportamento dinâmico
O Civic Type R continua sendo uma referência entre os esportivos de tração dianteira. A direção é precisa e transmite o que acontece nas rodas dianteiras com uma naturalidade impressionante. O câmbio manual é outro ponto alto — o engate é curto, firme e prazeroso, comparável até ao de superesportivos com três pedais.
O diferencial autoblocante e a suspensão adaptativa trabalham em sintonia para manter o carro grudado no chão. Mesmo em curvas rápidas, há pouquíssima tendência ao subesterço, e o conjunto parece sempre sob controle.
Em contrapartida, o ruído de rodagem é alto em pisos ásperos, efeito dos pneus Michelin Pilot Sport 4 S com largura de 265 mm. E, apesar da performance, o ronco do motor é discreto. A Honda até adicionou um som artificial dentro da cabine — algo que não pode ser totalmente desligado, o que pode incomodar puristas.
Conforto surpreendente no dia a dia
Por mais que o Type R tenha alma de pista, ele é surpreendentemente confortável para o uso urbano. No modo Comfort, a suspensão filtra bem buracos e irregularidades, e a posição de dirigir é ótima. Além disso, o carro permite configurar individualmente parâmetros como direção, suspensão, resposta do motor e som do escapamento através do modo “Individual”.
O Honda Civic Type R 2025 continua sendo um dos esportivos mais equilibrados do mercado. Ele combina desempenho de pista, conforto para o dia a dia e um interior que beira o nível premium. Não é o mais divertido entre os hatches — modelos como o Hyundai i30 N e o Toyota GR Yaris são mais “brincalhões” —, mas é o mais apurado e eficiente.
Para quem busca o ápice da engenharia em um carro de tração dianteira, o Type R é a escolha certa. Ele acerta em tudo — menos no preço e no som do motor, que poderiam ser mais emocionantes. Ainda assim, é o hot hatch definitivo da Honda.
